quarta-feira, 3 de outubro de 2007


Lembro do tilintar suave das gotas de chuva que caíam sobre o vidro, dançando alegremente e depois iam molhar a terra, na época que nem tudo era só calor. Adorava quando baixava a poeira, porque eu podia respirar novamente, e ao mesmo tempo, trazia-me lembranças de tempos bons, porque o céu nublava e dava para notar o clima obscuro e suave, como se Deuses descessem para apreciar a natureza mais de perto.
Hoje tudo mudou, não chove mais, não é possível fechar os olhos sem sentir-se sozinho, nem apreciar aquela velha companhia estranha que parecia de outro mundo, parece que estamos sós novamente, mas sempre em perigo. Só que de longe me vem aquela cançao, bela e calma, acalma-me depois das torturas do dia, vigora e dá o poder tirado das profundezas da terra, antes molhada pela saudosa chuva.

Não tenhas medo do agora, tudo se tornará cinzas que farão das tuas lembranças a graça dos sorrisos e suspiros ao envelhecer, pois o importante é que a chuva molhou teu jardim um dia, deu os frutos para te alimentar, e deixou saudade na aurora de tua vida, mesmo que neste momento o calor cortante te encha de agonia.